terça-feira, 11 de agosto de 2009





Palestra Vivencial e Workshop: “Pedagogia da Interação Sistêmica”
Focalizadora:
Maria Abadia Silva *


Dirigido à: Educadores, professores, pais, sociedade em geral.
Datas:
Palestra aberta : 13 de Agosto, 2009 – das 19:30 h às 21:30 h
Workshop: de 14 a 16/08
(inscrições pelo site:
http://www.ibssistemicas.com.br/ ou telefone 62 – 3281 1171 / Vagas limitadas)
Local: Hotel Maione – Avenida Primeira Radial, 643 - Setor Pedro Ludovico, Goiânia – Goiás (fone: 62- 3250 2800)
=> Palestra aberta ao público, com inscrições prévias por telefone, com a Secretaria do IBS Sistêmicas: Fone: 62 – 3281 1171 / 32783895 ou 81830021
A Pedagogia da Interação Sistêmica é um novo paradigma educativo que surge para resolver problemas de relações, de aprendizagem e de conduta e para promover a necessária integração dos sistemas humanos envolvidos e entrelaçados: o escolar, o familiar e o social. Esta nova abordagem nasce principalmente das Constelações Familiares e as Ordens do Amor trazidas por Bert Hellinger e colaboradores, assim como incorpora os conhecimentos de Humberto Maturana – cientista chileno de renome internacional, Edgar Morin – o grande mestre do Pensamento Complexo e outros mestres da ciência educativa.
Sucesso comprovado em países da Europa, como Alemanha e Espanha e também no México e Argentina, a Pedagogia Sistêmica vem se expandindo pelo mundo e chega a Goiânia pelo Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas, que realiza Palestra Aberta, no próximo dia 13, às 19:30h no Hotel Maione e Workshop, no mesmo local, de 14 a 16 de agosto.
De acordo com a pedagoga Luciene Pinheiro, diretora do Colégio Vida Nova - do Centro de Internação para Adolescentes ( CIA ) do Estado de Goiás e formanda do IBS Sistêmicas, este trabalho tem mostrado resultados surpreendentes: “No trabalho de constelação familiar os alunos aprenderam a respeitarem uns aos outros, a importância da hierarquia nas relações sociais, sentiram-se pertencentes a uma sociedade e deixaram de excluir os diferentes. Por ser uma metodologia breve e sistêmica, percebemos o crescimento e a mudança dos alunos imediatamente, o que nos vem surpreendendo, até por serem adolescentes”.

* Maria Abadia Silva: Arteterapeuta e consultora organizacional na área da Educação e Liderança Sistêmica. Foi Secretária de Estado da Cultura de Goiás e de Goiânia, desenhou e implantou vários projetos de inclusão social, como o bolsa escola em todo o Estado de Goiás. Mestranda em Educação pela UCB – Universidade Católica de Brasília. Estruturou e dirigiu a UNIPAZ – GO. Coordena a área de educação do Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas – IBS Sistêmicas.

Informações e contatos:
Dagmar Ramos – Diretora do IBS Sistêmicas
Adriana Barboza - Secretária
Fones: 62-32783895 – 3281 1171 / 81830072, e.mail:
contato@ibssistemicas,com.br
http://www.ibssistemicas.com.br/

História de Maria Abadia Silva


PEDAGOGIA DA INTERAÇÃO SISTÊMICA

A Educação é um tema da minha vida. Pulsa, comove, palpita, e quanto mais o tempo passa, cresce mais.
Um batimento estranho no coração ao ouvir e sentir esse nome, Pedagogia da Interação Sistêmica, uma forma de unir e integrar os sistemas, escola/família/sociedade, tudo em harmonia, a sua própria harmonia.
Ao conhecer as Ordens do Amor e sua significação e entrar por esse espaço amplo, aberto, inclusivo, receptivo, e à sua abertura para a vida, como a respiração, como o oxigênio, o pulsar, fui me entregando ao seu encantamento e desconhecido.
Esse percurso do tecer interno que tem início muito antes no tempo.
Desde jovem adolescente, eu sonhava uma escola ideal, esse lugar melhor da vida, onde aprendemos, onde o mundo e as pessoas, os encontros acontecem e onde o futuro é gerado, criado e recriado.
A escola sempre foi minha melhor referência, como minha casa, meu lugar interno, minha família e o caminho a seguir.
Após muitos anos trabalhando com a deputada federal Raquel Teixeira, cujo lema é “uma vida pela educação”, ter desenhado e implantado com ela, o Bolsa Escola no Estado de Goiás, um programa que abre a escola à família e à comunidade.
Após outros tantos anos freqüentando a formação holística com Pierre Weil, aprendendo ampliar o olhar para o mundo dos interiores e os mundos que criamos até onde a consciência alcança, após um percurso de luto, após uma dolorosa reconstrução, e já podendo enxergar o que mais fosse possível, sem nada saber, é que fui me encontrar com a Pedagogia sistêmica.
Dagmar, voltando do Congresso de Pedagogia Sistêmica em Sevilha, me procurou com uma revista, Cuadernos de Pedagogia, pra eu conhecer a grande nova, mas naquele momento, eu implantava a Unipaz em Goiânia, e estava tomada de afazeres e ela, médica, com dois filhos crianças, implantando o Instituto Brasileiro de Soluções Sistêmicas! Ficou no desejo.
Contudo, nosso encontro estava marcado. Tínhamos uma amiga comum, a Marisa, consultora, mulher do seu tempo, íntegra, inteira, bonita e sábia que, mesmo com um câncer no cérebro, insistia em realizar esse nosso encontro.
Pensamento sistêmico, complexidade, transdisciplinaridade, vida e morte, vida de novo, integrando, fazendo a síntese.
Marisa se foi e nos deixou juntas e entregues a uma descoberta, que nem sabíamos, nem imaginávamos. Um risco? Uma experiência? Apenas acatamos, em silêncio, seu pedido.
Reverenciamos nossa querida amiga, nosso amor por ela, nossa gratidão pelo encontro e iniciamos nossa caminhada juntas.
Quase um ano depois, vamos realizar juntas nosso primeiro seminário e celebrar o lançamento da nossa Formação em Pedagogia da Interação Sistêmica para educadores, pais, pessoas que querem se encontrar e viver este sonho.
A proposta é construir aquele edificio amoroso da escola e abrir, mais ainda suas portas e seu coração.
Maturana enche nosso coração e nossa vida com tanta poesia, e nos mostra o mundo natural que esquecemos, e nos resgata de volta para o sonho da construção, da rede, da relação, da confiança e do amor do ser humano pelo ser humano, pela humanidade, pela vida e pelo mundo.
Quando um trabalho é tão significativo e importante como esse, quando realizá-lo, prepará-lo nos ocupa a vida e a alma dia e noite, quando, através dele nos encontramos com outras pessoas, importantes como Bert Hellinger, como Maturana, como Morin, como a professora Maria Cândida de Moraes e como a Dagmar e a Fátima e como o Maurice, a vida ganha um sentido mais que especial.
Eu sei que nesta escola vou me encontrar com o Erich, meu neto, e com outros netos, e com os outros filhos que não terei, mas que serão os filhos de minha espécie, os filhos que deixaremos.
A vida ganha um sentido de estar vivo, de verdadeiro, porque é um sonho, um ideal, uma promessa, um trabalho que vai se encontrando com os sonhos de muitos outros e se tornando mais real a cada dia, a cada momento.
A vida ganha um sentido que se amplia em múltiplas rodas com todo tipo de pessoas, crianças, jovens e adultos e idosos, dialogando e unindo os vários mundos em expansão, em abraços e sorrisos, como diz a querida Dagmar, um mundo feliz.

Maria Abadia Silva/2009.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Pensamento Sistêmico








O pensamento "sistêmico" é uma forma de abordagem da realidade que surgiu no século XX, em contraposição ao pensamento "reducionista-mecanicista" herdado dos filósofos da Revolução Científica do séc. XVII, como Descartes, Bacon e Newton. O pensamento sistêmico não nega a racionalidade científica, mas acredita que ela não oferece parâmetros suficientes para o desenvolvimento humano, e por isso deve ser desenvolvida conjuntamente com a subjetividade das artes e das diversas tradições espirituais. É visto como componente do paradigma emergente, que tem como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, aliás, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade.

Os paradigmas da ciência segundo o pensamento sistêmico

O pressuposto da simplicidade

1. O pressuposto da simplicidade - a crença em que, separando-se o mundo complexo em partes, encontram-se elementos simples, em que é preciso separar as partes para entender o todo, ou seja, o pressuposto de que "o microscópico é simples". Daí decorrem, entre outras coisas, a atitude de análise e a busca de relações causais lineares.

O pressuposto da simplicidade tira o objeto de estudo dos seus contextos, prejudicando a compreensão das relações entre o objeto e o todo. Esse paradigma também leva à separação dos fenômenos: os físicos dos biológicos, estes dos psicológicos, dos culturais, etc., numa atitude de atomização científica. Faz parte dessa perspectiva também a atitude ou-ou, que, de acordo com a lógica, classifica os objetos, não permitindo que um mesmo objeto pertença a duas categorias diferentes. Além disso, esse pressuposto provoca a compartimentalização do saber, fragmentando o conhecimento em diferentes disciplinas científicas... Dessa forma criam-se os especialistas, aquele que tem um acesso privilegiado ao saber, estabelecendo-se uma hierarquia do saber.

Os sistemas são concebidos como simples, agregados mecanicistas de partes em relações causais separadas umas das outras, o que resulta em uma concepção de causalidade linear unidirecional, isto é, a causa eficiente aristotélica, como único princípio explicativo admissível.
Outra consequência dessa atitude é a crença de que o mundo é cognoscível desde que seja abordado de forma racional. Uma lógica que procura manter o equilíbrio do discurso através da expulsão da contradição (Morin). A existência de paradoxos, no entanto, faz decair essa postura, o que levou Russel a abordar os paradoxos na forma da teoria dos níveis lógicos.

O pressuposto da estabilidade

2. O pressuposto da estabilidade - a crença de que o mundo é estável, ou seja, em que o "mundo já é". Ligados a esse pressuposto estão a crença na determinação - com a consequente previsibilidade dos fenômenos - e a crença na reversibilidade - com a consequente controlabilidade dos fenômenos.

O pressuposto da estabilidade leva o cientista a estudar os fenômenos em laboratório, onde pode variar os fatores um de cada vez, exercendo controle sobre as outras variáveis. Assim, ele provoca a natureza para que explicite, sem ambiguidade, as leis a que está submetida, confirmando ou não suas hipóteses. Ao levar o fenômeno para laboratório, excluindo o contexto e a complexidade, focalizando apenas o fenômeno que estava acontecendo, ele exclui a sua história.

A idéia de "leis da natureza" é a mais fundamental da ciência moderna e tem uma conotação legalista, como se a natureza fosse obrigada a seguir leis... Possivelmente isso está ligado a idéias religiosas que concebem um legislador onipotente. Será que isso não seria uma tentativa de equiparar o conhecimento humano ao divino?

Dessa forma, principalmente a física concebe o mundo "que já é", e não em processo de ser, recorrendo a sistemas em estado de equilíbrio para estudo. Também por isso a física quântica quebrou velhos paradigmas...

Faz parte desse paradigma o pressuposto da previsibilidade: o que não é previsto com segurança é associado a um conhecimento imperfeito, o que leva a uma redução ainda maior do conhecimento por meio do pressuposto da simplicidade. Por conseguinte, a instabilidade de um sistema é visto como um desvio a corrigir. A idéia da controlabilidade dos fenômenos leva a uma interação do especialista na forma de uma interação instrutiva: a crença de que o comportamento do sistema será determinado pelas instruções que ele receber do ambiente e em que, portanto, poderá ser controlado e previsível.

O pressuposto da objetividade

3. O pressuposto da objetividade - a crença em que "é possível conhecer objetivamente o mundo tal como ele é na realidade" e a exigência da objetividade como critério de cientificidade. Daí decorrem os esforços para colocar entre parênteses a subjetividade do cientista, para atingir o universo, ou versão única do conhecimento.

No pressuposto da objetividade o cientista posiciona-se "fora da natureza", em posição privilegiada, com uma visão abrangente, procurando discriminar o objetivo do ilusório (suas próprias opiniões ou subjetividade). Daí advém a crença no realismo do universo: o mundo e o que nele acontece é real e existe independente de quem o descreve. Com isso obtemos várias representações da realidade, que ajudaria a descobri-la. E o critério de certeza advém daquelas observações conjuntas e reproduzíveis, onde, coincidindo os registros de observações independentes, mais confiáveis e objetivas são as afirmações. A estatística encontra aí um bom campo de atuação.

O relatório impessoal e as normas de trabalho científico orientam uma linguagem impessoal, "como se a caneta fosse um instrumento para a manifestação de uma verdade anônima"... Na verdade, a linguagem impessoal visa a "mascarar" a linguagem de forma a dar uma impressão de ausência de um sujeito, de um pesquisador, onde uma afirmação pode tomar a forma impessoal para mascarar uma opinião pessoal...

Resumindo: a ciência tradicional procura simplificar o universo (dimensão da simplicidade) para conhecê-lo ou saber como funciona (dimensão da estabilidade), tal como ele é na realidade (dimensão da objetividade).